
O que é a solidão da mulher negra?
A solidão da mulher negra é um conceito que descreve a exclusão afetiva, emocional e social vivida por mulheres negras em razão do racismo e do sexismo estruturais. Essa solidão não diz respeito apenas à ausência de relações românticas, mas à negligência histórica no cuidado, na escuta e na valorização desses corpos e subjetividades em diversas esferas: afetiva, institucional, familiar e pública.
Origem do termo
A discussão sobre a solidão da mulher negra ganhou maior visibilidade no Brasil com o trabalho da socióloga Claudete Alves e, também de Ana Claudia Lemos Pacheco. Seus estudos mostram que, ao contrário das mulheres brancas, as negras são frequentemente percebidas como fortes, hipersexualizadas ou pouco femininas — estereótipos que dificultam sua inserção em relações afetivas igualitárias.
Quais são os principais pontos do debate?
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Desvalorização afetiva: Mulheres negras são preteridas em relacionamentos amorosos, especialmente no imaginário social que privilegia mulheres brancas como padrão de beleza e feminilidade.
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Estereótipos raciais: A mulher negra é frequentemente enquadrada como a “forte”, “guerreira” ou “objeto sexual”, mas raramente como alguém digna de carinho, cuidado e proteção.
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Negligência institucional: Na saúde, na educação e na mídia, há uma ausência de políticas e representações que acolham e reconheçam as especificidades das mulheres negras.
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Desigualdade socioeconômica: A maior parte das famílias brasileiras chefiadas por mulheres negras vive abaixo da linha da pobreza, o que amplia ainda mais as vulnerabilidades e o isolamento social dessas mulheres.
Por que esse tema importa?
Compreender a solidão da mulher negra é reconhecer que o racismo e o machismo não se manifestam apenas em números de violência ou renda, mas também na forma como essas mulheres são (ou não são) amadas, vistas e cuidadas. Trata-se de um debate urgente que dialoga diretamente com o direito ao afeto, à dignidade e à saúde mental.
Conversa: Mulher Negra: Afetividade e Solidão
Com: Pamela Carvalho, Pâmela Carvalho e Maybel Sulamita
Data: Sábado, 7 de junho
Horário: Das 11h às 12h
Local: Pavilhão Victor Brecheret, Parque da Catacumba
📍 Av. Epitácio Pessoa, 3000 – Lagoa, Rio de Janeiro – RJ
Entrada: Gratuita, sujeita à lotação
Este encontro faz parte do programa público da exposição Direito ao Afeto, de Panmela Castro, e propõe uma escuta coletiva sobre afetividade, cuidado e exclusão estrutural, com foco na solidão da mulher negra. A conversa será mediada por Maybel Sulamita, com participações da pesquisadora Pâmela Carvalho e da própria artista Panmela Castro e é organizada pela Rede NAMI, uma rede de mulheres que usa a arte para promover os nossos direitos.
*Esse artigo foi escrito com ajuda de AI