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Espelho n.01 no MAM – RJ 03/09/2022 - Espelhos

Instalação Participativa "Espelho n.01"
Instalação Participativa “Espelho n.01”

Montar o projeto do “Espelho n.01” no MAM do Rio deixou todos preocupados. O tombamento nos impede de qualquer alteração ou dano. Então, o concreto frio de Affonso Eduardo Reidy refletia na superfície da obra com um recorte preciso da luz amarelo sol. A silhueta dos Cobogós acentuada pela distorção do acrílico espelhava como uma pintura. 

Escrever ali era como pichar a própria arquitetura modernista, só que tipo em outra dimensão. Era como voltar à Pompeia e escrever graffitis sobre democracia nas paredes dos prédios públicos. Mas no MAM, ao contrário daquelas terras onde nem todo humano tinha direitos, ou nem todos eram considerados humanos, o espelho tratava de questões destes outros: mulheres, estrangeiros e escravizados. As pichações largadas copulavam com a imagem de quem as olha, ao ponto que, ao escrevermos olhando para o espelho, encaramos o dilema ético sobre deixar para esse outro algo que sirva pra a gente também.

Instalação Participativa "Espelho n.01"
Instalação Participativa “Espelho n.01”

A instalação participativa “Espelho n.01” fez parte da exposição “Outras Imaginações Políticas” de Pollyana Quintela e Luisa Duarte no Festival Agora no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM-RJ).

Espelho n.01 no MAM – RJ 03/09/2022 - Instalações

Instalação Participativa "Espelho n.01"
Instalação Participativa “Espelho n.01”

Montar o projeto do “Espelho n.01” no MAM do Rio deixou todos preocupados. O tombamento nos impede de qualquer alteração ou dano. Então, o concreto frio de Affonso Eduardo Reidy refletia na superfície da obra com um recorte preciso da luz amarelo sol. A silhueta dos Cobogós acentuada pela distorção do acrílico espelhava como uma pintura. 

Escrever ali era como pichar a própria arquitetura modernista, só que tipo em outra dimensão. Era como voltar à Pompeia e escrever graffitis sobre democracia nas paredes dos prédios públicos. Mas no MAM, ao contrário daquelas terras onde nem todo humano tinha direitos, ou nem todos eram considerados humanos, o espelho tratava de questões destes outros: mulheres, estrangeiros e escravizados. As pichações largadas copulavam com a imagem de quem as olha, ao ponto que, ao escrevermos olhando para o espelho, encaramos o dilema ético sobre deixar para esse outro algo que sirva pra a gente também.

Instalação Participativa "Espelho n.01"
Instalação Participativa “Espelho n.01”

A instalação participativa “Espelho n.01” fez parte da exposição “Outras Imaginações Políticas” de Pollyana Quintela e Luisa Duarte no Festival Agora no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM-RJ).

Espelho n.01 no MAM – RJ 03/09/2022 - Museus e Coleções de arte

Instalação Participativa "Espelho n.01"
Instalação Participativa “Espelho n.01”

Montar o projeto do “Espelho n.01” no MAM do Rio deixou todos preocupados. O tombamento nos impede de qualquer alteração ou dano. Então, o concreto frio de Affonso Eduardo Reidy refletia na superfície da obra com um recorte preciso da luz amarelo sol. A silhueta dos Cobogós acentuada pela distorção do acrílico espelhava como uma pintura. 

Escrever ali era como pichar a própria arquitetura modernista, só que tipo em outra dimensão. Era como voltar à Pompeia e escrever graffitis sobre democracia nas paredes dos prédios públicos. Mas no MAM, ao contrário daquelas terras onde nem todo humano tinha direitos, ou nem todos eram considerados humanos, o espelho tratava de questões destes outros: mulheres, estrangeiros e escravizados. As pichações largadas copulavam com a imagem de quem as olha, ao ponto que, ao escrevermos olhando para o espelho, encaramos o dilema ético sobre deixar para esse outro algo que sirva pra a gente também.

Instalação Participativa "Espelho n.01"
Instalação Participativa “Espelho n.01”

A instalação participativa “Espelho n.01” fez parte da exposição “Outras Imaginações Políticas” de Pollyana Quintela e Luisa Duarte no Festival Agora no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM-RJ).

Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama 01/09/2022 - Direitos das Mulheres

Três camadas de voil branco sendo um retângulo, um losango e uma esfera, sobrepostas em branco sobre branco, formam a bandeira brasileira. Pendurada verticalmente, sua barra é manchada de tinta acrílica vermelha, como se tivesse sido arrastada em sangue. 

Da série feminicídio sobre a denúncia do assassinato de mulheres por serem mulheres, a obra que a priori se chamava “Bandeira”, tornou-se “O Feminicídio de Pindorama”. 

As terras femininas Pindorama, mãe dos povos originários, sacrificou-se na tomada colonial. Com a invenção do Brasil masculino e sua dita independência, foi de vez assassinada, estando em seus últimos duzentos anos ofegantes.

A obra é uma proposição das curadoras Luísa Duarte e Pollyana Quintela para a exposição “Outras imaginações políticas” do Festival Feminista Agora, no Museu de Arte do Moderna (MAM – RJ).

Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama - Panmela Castro - Instalação
Instalação “Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama” no MAM – RJ

Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama 01/09/2022 - Feminicídio

Três camadas de voil branco sendo um retângulo, um losango e uma esfera, sobrepostas em branco sobre branco, formam a bandeira brasileira. Pendurada verticalmente, sua barra é manchada de tinta acrílica vermelha, como se tivesse sido arrastada em sangue. 

Da série feminicídio sobre a denúncia do assassinato de mulheres por serem mulheres, a obra que a priori se chamava “Bandeira”, tornou-se “O Feminicídio de Pindorama”. 

As terras femininas Pindorama, mãe dos povos originários, sacrificou-se na tomada colonial. Com a invenção do Brasil masculino e sua dita independência, foi de vez assassinada, estando em seus últimos duzentos anos ofegantes.

A obra é uma proposição das curadoras Luísa Duarte e Pollyana Quintela para a exposição “Outras imaginações políticas” do Festival Feminista Agora, no Museu de Arte do Moderna (MAM – RJ).

Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama - Panmela Castro - Instalação
Instalação “Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama” no MAM – RJ

Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama 01/09/2022 - Instalações

Três camadas de voil branco sendo um retângulo, um losango e uma esfera, sobrepostas em branco sobre branco, formam a bandeira brasileira. Pendurada verticalmente, sua barra é manchada de tinta acrílica vermelha, como se tivesse sido arrastada em sangue. 

Da série feminicídio sobre a denúncia do assassinato de mulheres por serem mulheres, a obra que a priori se chamava “Bandeira”, tornou-se “O Feminicídio de Pindorama”. 

As terras femininas Pindorama, mãe dos povos originários, sacrificou-se na tomada colonial. Com a invenção do Brasil masculino e sua dita independência, foi de vez assassinada, estando em seus últimos duzentos anos ofegantes.

A obra é uma proposição das curadoras Luísa Duarte e Pollyana Quintela para a exposição “Outras imaginações políticas” do Festival Feminista Agora, no Museu de Arte do Moderna (MAM – RJ).

Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama - Panmela Castro - Instalação
Instalação “Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama” no MAM – RJ

Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama 01/09/2022 - Museus e Coleções de arte

Três camadas de voil branco sendo um retângulo, um losango e uma esfera, sobrepostas em branco sobre branco, formam a bandeira brasileira. Pendurada verticalmente, sua barra é manchada de tinta acrílica vermelha, como se tivesse sido arrastada em sangue. 

Da série feminicídio sobre a denúncia do assassinato de mulheres por serem mulheres, a obra que a priori se chamava “Bandeira”, tornou-se “O Feminicídio de Pindorama”. 

As terras femininas Pindorama, mãe dos povos originários, sacrificou-se na tomada colonial. Com a invenção do Brasil masculino e sua dita independência, foi de vez assassinada, estando em seus últimos duzentos anos ofegantes.

A obra é uma proposição das curadoras Luísa Duarte e Pollyana Quintela para a exposição “Outras imaginações políticas” do Festival Feminista Agora, no Museu de Arte do Moderna (MAM – RJ).

Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama - Panmela Castro - Instalação
Instalação “Bandeira ou O Feminicídio de Pindorama” no MAM – RJ

Catarina Cassange (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Direitos das Mulheres

Catarina Cassange, 1838, Rio de Janeiro

“Catarina Cassange”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Em 1906 Machado de Assis publicaria o conto “Pai Contra Mãe” editado em seu livro Relíquias da Casa Velha. Já havia passado dezoito anos do fim da escravidão e ele parecia querer ironizar os ofícios e dilemas morais que aquela sociedade tinha criado e talvez não tivesse desaparecido. Não mais escravos fugidos e seus perseguidores, mas mães e pais aflitos. No seu drama literário – numa data fictícia de 1850 – surgiria Cândido das Neves, homem “branco” muito empobrecido que estava prestes a entregar seu filho recém nascido à “Roda dos Expostos”. Para conseguir recursos investiria na captura de escravos fugitivos, apelando para os anúncios de jornais que abundavam na imprensa carioca urbana. Tentaria capturar Arminda, escravizada nascida no Brasil, que tinha fugido exatamente por estar grávida. Afora romances e ficção não poucas mulheres negras escravizadas optaram por fugir no momento da gravidez, tentando tanto ter um parto mais tranquilo como impedir que a sua prole continuasse escravizada ou mesmo fosse separada por venda senhorial. Seis ou mais tempo de fugida poderia proporcionar a muitas mulheres negras uma estratégia para livrar seus filhos do cativeiro ou mesmo acionar a sua comunidade negra na hora do parto e nos momento iniciais da vida de seus filhos.

Catarina Cassange foi uma dessas. Suas estratégias puderam ser acompanhadas por vários anúncios entre 1838 e 1839. Seu proprietário, Manoel da Rosa, anunciou no Diário do Rio de Janeiro que ela tinha escapado estando grávida de quatro meses. Tal qual os anúncios da época seria descrito seu corpo e comportamento. O primeiro anúncio da sua escapada foi seguido por pelo menos mais três anúncios num espaço de quatro meses. Mesmo sem conseguir capturá-la,  conseguiam-se informações sobre o seu paradeiro. Conhecida como preta ao ganho, uma vendedora costumava circular pela praia do Valongo e pela Rua do Livramento, onde se concentravam muitos africanos. Poderia inclusive ter sido seduzida. Um mês depois do primeiro anúncio, seria publicado outro anúncio dizendo que Catarina – com ajuda de sedutores – estaria tentando seguir até Minas Gerais. Em mais um anúncio foi dito que ela estava passando as noites escondida em barcos ancorados e já estaria em adiantada gravidez. Catarina conseguiu ficar um ano refugiada, só sendo capturada no final de 1839. Revelou que tinha andado por muitos lugares da cidade e do recôncavo da Guanabara. Quem mais tinha a ajudado foi o liberto Aleixo, um africano Mina que tinha o ofício de barbeiro. Durante um bom período ele escondeu Catarina em sua casa na Rua dos Ferradores. Com apoio de vários acoitadores e proteções provisórias, Catarina conseguiria ter o seu filho – de nome José – sendo inclusive levada para as proximidades do “quilombo de Laranjeiras”.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Catarina Cassange (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Enciclopédia Negra

Catarina Cassange, 1838, Rio de Janeiro

“Catarina Cassange”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Em 1906 Machado de Assis publicaria o conto “Pai Contra Mãe” editado em seu livro Relíquias da Casa Velha. Já havia passado dezoito anos do fim da escravidão e ele parecia querer ironizar os ofícios e dilemas morais que aquela sociedade tinha criado e talvez não tivesse desaparecido. Não mais escravos fugidos e seus perseguidores, mas mães e pais aflitos. No seu drama literário – numa data fictícia de 1850 – surgiria Cândido das Neves, homem “branco” muito empobrecido que estava prestes a entregar seu filho recém nascido à “Roda dos Expostos”. Para conseguir recursos investiria na captura de escravos fugitivos, apelando para os anúncios de jornais que abundavam na imprensa carioca urbana. Tentaria capturar Arminda, escravizada nascida no Brasil, que tinha fugido exatamente por estar grávida. Afora romances e ficção não poucas mulheres negras escravizadas optaram por fugir no momento da gravidez, tentando tanto ter um parto mais tranquilo como impedir que a sua prole continuasse escravizada ou mesmo fosse separada por venda senhorial. Seis ou mais tempo de fugida poderia proporcionar a muitas mulheres negras uma estratégia para livrar seus filhos do cativeiro ou mesmo acionar a sua comunidade negra na hora do parto e nos momento iniciais da vida de seus filhos.

Catarina Cassange foi uma dessas. Suas estratégias puderam ser acompanhadas por vários anúncios entre 1838 e 1839. Seu proprietário, Manoel da Rosa, anunciou no Diário do Rio de Janeiro que ela tinha escapado estando grávida de quatro meses. Tal qual os anúncios da época seria descrito seu corpo e comportamento. O primeiro anúncio da sua escapada foi seguido por pelo menos mais três anúncios num espaço de quatro meses. Mesmo sem conseguir capturá-la,  conseguiam-se informações sobre o seu paradeiro. Conhecida como preta ao ganho, uma vendedora costumava circular pela praia do Valongo e pela Rua do Livramento, onde se concentravam muitos africanos. Poderia inclusive ter sido seduzida. Um mês depois do primeiro anúncio, seria publicado outro anúncio dizendo que Catarina – com ajuda de sedutores – estaria tentando seguir até Minas Gerais. Em mais um anúncio foi dito que ela estava passando as noites escondida em barcos ancorados e já estaria em adiantada gravidez. Catarina conseguiu ficar um ano refugiada, só sendo capturada no final de 1839. Revelou que tinha andado por muitos lugares da cidade e do recôncavo da Guanabara. Quem mais tinha a ajudado foi o liberto Aleixo, um africano Mina que tinha o ofício de barbeiro. Durante um bom período ele escondeu Catarina em sua casa na Rua dos Ferradores. Com apoio de vários acoitadores e proteções provisórias, Catarina conseguiria ter o seu filho – de nome José – sendo inclusive levada para as proximidades do “quilombo de Laranjeiras”.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Catarina Cassange (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Justiça Racial

Catarina Cassange, 1838, Rio de Janeiro

“Catarina Cassange”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Em 1906 Machado de Assis publicaria o conto “Pai Contra Mãe” editado em seu livro Relíquias da Casa Velha. Já havia passado dezoito anos do fim da escravidão e ele parecia querer ironizar os ofícios e dilemas morais que aquela sociedade tinha criado e talvez não tivesse desaparecido. Não mais escravos fugidos e seus perseguidores, mas mães e pais aflitos. No seu drama literário – numa data fictícia de 1850 – surgiria Cândido das Neves, homem “branco” muito empobrecido que estava prestes a entregar seu filho recém nascido à “Roda dos Expostos”. Para conseguir recursos investiria na captura de escravos fugitivos, apelando para os anúncios de jornais que abundavam na imprensa carioca urbana. Tentaria capturar Arminda, escravizada nascida no Brasil, que tinha fugido exatamente por estar grávida. Afora romances e ficção não poucas mulheres negras escravizadas optaram por fugir no momento da gravidez, tentando tanto ter um parto mais tranquilo como impedir que a sua prole continuasse escravizada ou mesmo fosse separada por venda senhorial. Seis ou mais tempo de fugida poderia proporcionar a muitas mulheres negras uma estratégia para livrar seus filhos do cativeiro ou mesmo acionar a sua comunidade negra na hora do parto e nos momento iniciais da vida de seus filhos.

Catarina Cassange foi uma dessas. Suas estratégias puderam ser acompanhadas por vários anúncios entre 1838 e 1839. Seu proprietário, Manoel da Rosa, anunciou no Diário do Rio de Janeiro que ela tinha escapado estando grávida de quatro meses. Tal qual os anúncios da época seria descrito seu corpo e comportamento. O primeiro anúncio da sua escapada foi seguido por pelo menos mais três anúncios num espaço de quatro meses. Mesmo sem conseguir capturá-la,  conseguiam-se informações sobre o seu paradeiro. Conhecida como preta ao ganho, uma vendedora costumava circular pela praia do Valongo e pela Rua do Livramento, onde se concentravam muitos africanos. Poderia inclusive ter sido seduzida. Um mês depois do primeiro anúncio, seria publicado outro anúncio dizendo que Catarina – com ajuda de sedutores – estaria tentando seguir até Minas Gerais. Em mais um anúncio foi dito que ela estava passando as noites escondida em barcos ancorados e já estaria em adiantada gravidez. Catarina conseguiu ficar um ano refugiada, só sendo capturada no final de 1839. Revelou que tinha andado por muitos lugares da cidade e do recôncavo da Guanabara. Quem mais tinha a ajudado foi o liberto Aleixo, um africano Mina que tinha o ofício de barbeiro. Durante um bom período ele escondeu Catarina em sua casa na Rua dos Ferradores. Com apoio de vários acoitadores e proteções provisórias, Catarina conseguiria ter o seu filho – de nome José – sendo inclusive levada para as proximidades do “quilombo de Laranjeiras”.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Catarina Cassange (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Museus e Coleções de arte

Catarina Cassange, 1838, Rio de Janeiro

“Catarina Cassange”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Em 1906 Machado de Assis publicaria o conto “Pai Contra Mãe” editado em seu livro Relíquias da Casa Velha. Já havia passado dezoito anos do fim da escravidão e ele parecia querer ironizar os ofícios e dilemas morais que aquela sociedade tinha criado e talvez não tivesse desaparecido. Não mais escravos fugidos e seus perseguidores, mas mães e pais aflitos. No seu drama literário – numa data fictícia de 1850 – surgiria Cândido das Neves, homem “branco” muito empobrecido que estava prestes a entregar seu filho recém nascido à “Roda dos Expostos”. Para conseguir recursos investiria na captura de escravos fugitivos, apelando para os anúncios de jornais que abundavam na imprensa carioca urbana. Tentaria capturar Arminda, escravizada nascida no Brasil, que tinha fugido exatamente por estar grávida. Afora romances e ficção não poucas mulheres negras escravizadas optaram por fugir no momento da gravidez, tentando tanto ter um parto mais tranquilo como impedir que a sua prole continuasse escravizada ou mesmo fosse separada por venda senhorial. Seis ou mais tempo de fugida poderia proporcionar a muitas mulheres negras uma estratégia para livrar seus filhos do cativeiro ou mesmo acionar a sua comunidade negra na hora do parto e nos momento iniciais da vida de seus filhos.

Catarina Cassange foi uma dessas. Suas estratégias puderam ser acompanhadas por vários anúncios entre 1838 e 1839. Seu proprietário, Manoel da Rosa, anunciou no Diário do Rio de Janeiro que ela tinha escapado estando grávida de quatro meses. Tal qual os anúncios da época seria descrito seu corpo e comportamento. O primeiro anúncio da sua escapada foi seguido por pelo menos mais três anúncios num espaço de quatro meses. Mesmo sem conseguir capturá-la,  conseguiam-se informações sobre o seu paradeiro. Conhecida como preta ao ganho, uma vendedora costumava circular pela praia do Valongo e pela Rua do Livramento, onde se concentravam muitos africanos. Poderia inclusive ter sido seduzida. Um mês depois do primeiro anúncio, seria publicado outro anúncio dizendo que Catarina – com ajuda de sedutores – estaria tentando seguir até Minas Gerais. Em mais um anúncio foi dito que ela estava passando as noites escondida em barcos ancorados e já estaria em adiantada gravidez. Catarina conseguiu ficar um ano refugiada, só sendo capturada no final de 1839. Revelou que tinha andado por muitos lugares da cidade e do recôncavo da Guanabara. Quem mais tinha a ajudado foi o liberto Aleixo, um africano Mina que tinha o ofício de barbeiro. Durante um bom período ele escondeu Catarina em sua casa na Rua dos Ferradores. Com apoio de vários acoitadores e proteções provisórias, Catarina conseguiria ter o seu filho – de nome José – sendo inclusive levada para as proximidades do “quilombo de Laranjeiras”.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Catarina Cassange (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Pintura

Catarina Cassange, 1838, Rio de Janeiro

“Catarina Cassange”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Em 1906 Machado de Assis publicaria o conto “Pai Contra Mãe” editado em seu livro Relíquias da Casa Velha. Já havia passado dezoito anos do fim da escravidão e ele parecia querer ironizar os ofícios e dilemas morais que aquela sociedade tinha criado e talvez não tivesse desaparecido. Não mais escravos fugidos e seus perseguidores, mas mães e pais aflitos. No seu drama literário – numa data fictícia de 1850 – surgiria Cândido das Neves, homem “branco” muito empobrecido que estava prestes a entregar seu filho recém nascido à “Roda dos Expostos”. Para conseguir recursos investiria na captura de escravos fugitivos, apelando para os anúncios de jornais que abundavam na imprensa carioca urbana. Tentaria capturar Arminda, escravizada nascida no Brasil, que tinha fugido exatamente por estar grávida. Afora romances e ficção não poucas mulheres negras escravizadas optaram por fugir no momento da gravidez, tentando tanto ter um parto mais tranquilo como impedir que a sua prole continuasse escravizada ou mesmo fosse separada por venda senhorial. Seis ou mais tempo de fugida poderia proporcionar a muitas mulheres negras uma estratégia para livrar seus filhos do cativeiro ou mesmo acionar a sua comunidade negra na hora do parto e nos momento iniciais da vida de seus filhos.

Catarina Cassange foi uma dessas. Suas estratégias puderam ser acompanhadas por vários anúncios entre 1838 e 1839. Seu proprietário, Manoel da Rosa, anunciou no Diário do Rio de Janeiro que ela tinha escapado estando grávida de quatro meses. Tal qual os anúncios da época seria descrito seu corpo e comportamento. O primeiro anúncio da sua escapada foi seguido por pelo menos mais três anúncios num espaço de quatro meses. Mesmo sem conseguir capturá-la,  conseguiam-se informações sobre o seu paradeiro. Conhecida como preta ao ganho, uma vendedora costumava circular pela praia do Valongo e pela Rua do Livramento, onde se concentravam muitos africanos. Poderia inclusive ter sido seduzida. Um mês depois do primeiro anúncio, seria publicado outro anúncio dizendo que Catarina – com ajuda de sedutores – estaria tentando seguir até Minas Gerais. Em mais um anúncio foi dito que ela estava passando as noites escondida em barcos ancorados e já estaria em adiantada gravidez. Catarina conseguiu ficar um ano refugiada, só sendo capturada no final de 1839. Revelou que tinha andado por muitos lugares da cidade e do recôncavo da Guanabara. Quem mais tinha a ajudado foi o liberto Aleixo, um africano Mina que tinha o ofício de barbeiro. Durante um bom período ele escondeu Catarina em sua casa na Rua dos Ferradores. Com apoio de vários acoitadores e proteções provisórias, Catarina conseguiria ter o seu filho – de nome José – sendo inclusive levada para as proximidades do “quilombo de Laranjeiras”.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Catarina Cassange (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Retratos Relatos

Catarina Cassange, 1838, Rio de Janeiro

“Catarina Cassange”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Em 1906 Machado de Assis publicaria o conto “Pai Contra Mãe” editado em seu livro Relíquias da Casa Velha. Já havia passado dezoito anos do fim da escravidão e ele parecia querer ironizar os ofícios e dilemas morais que aquela sociedade tinha criado e talvez não tivesse desaparecido. Não mais escravos fugidos e seus perseguidores, mas mães e pais aflitos. No seu drama literário – numa data fictícia de 1850 – surgiria Cândido das Neves, homem “branco” muito empobrecido que estava prestes a entregar seu filho recém nascido à “Roda dos Expostos”. Para conseguir recursos investiria na captura de escravos fugitivos, apelando para os anúncios de jornais que abundavam na imprensa carioca urbana. Tentaria capturar Arminda, escravizada nascida no Brasil, que tinha fugido exatamente por estar grávida. Afora romances e ficção não poucas mulheres negras escravizadas optaram por fugir no momento da gravidez, tentando tanto ter um parto mais tranquilo como impedir que a sua prole continuasse escravizada ou mesmo fosse separada por venda senhorial. Seis ou mais tempo de fugida poderia proporcionar a muitas mulheres negras uma estratégia para livrar seus filhos do cativeiro ou mesmo acionar a sua comunidade negra na hora do parto e nos momento iniciais da vida de seus filhos.

Catarina Cassange foi uma dessas. Suas estratégias puderam ser acompanhadas por vários anúncios entre 1838 e 1839. Seu proprietário, Manoel da Rosa, anunciou no Diário do Rio de Janeiro que ela tinha escapado estando grávida de quatro meses. Tal qual os anúncios da época seria descrito seu corpo e comportamento. O primeiro anúncio da sua escapada foi seguido por pelo menos mais três anúncios num espaço de quatro meses. Mesmo sem conseguir capturá-la,  conseguiam-se informações sobre o seu paradeiro. Conhecida como preta ao ganho, uma vendedora costumava circular pela praia do Valongo e pela Rua do Livramento, onde se concentravam muitos africanos. Poderia inclusive ter sido seduzida. Um mês depois do primeiro anúncio, seria publicado outro anúncio dizendo que Catarina – com ajuda de sedutores – estaria tentando seguir até Minas Gerais. Em mais um anúncio foi dito que ela estava passando as noites escondida em barcos ancorados e já estaria em adiantada gravidez. Catarina conseguiu ficar um ano refugiada, só sendo capturada no final de 1839. Revelou que tinha andado por muitos lugares da cidade e do recôncavo da Guanabara. Quem mais tinha a ajudado foi o liberto Aleixo, um africano Mina que tinha o ofício de barbeiro. Durante um bom período ele escondeu Catarina em sua casa na Rua dos Ferradores. Com apoio de vários acoitadores e proteções provisórias, Catarina conseguiria ter o seu filho – de nome José – sendo inclusive levada para as proximidades do “quilombo de Laranjeiras”.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Lourença Correia (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Direitos das Mulheres

Lourença Correia era uma escravizada que morava na cidade do Rio de Janeiro e que trabalhava para o sargento-mor Antônio de Figueira e Almeida, de quem também era concubina. Devido a esta ligação, ela era diariamente castigada pela esposa de seu senhor, Isabel, que, ao mesmo tempo, insistia para que o marido promovesse o casamento da escravizada com algum negro da casa.

Em 1739, Lourença uniu-se ao negro Pedro Benguela, cativo do mesmo sargento. No entanto, e ao que tudo indica, continuou amante de seu senhor, e assim não se livrou das perseguições e castigos da esposa deste.

Não aguentando a pressão, Lourença fugiu para São João do Meriti (RJ), onde se casou com um escravizado chamado Amaro. Foi, porém, acusada de bigamia pelo Santo Ofício, e presa pela instituição em 1745.

Defendeu-se junto ao inquisidor com o argumento de que sua primeira união se dera unicamente pela vontade da esposa de seu senhor, mas não teve sucesso e foi condenada ao degredo em Angola, onde morreu.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Lourença Correia (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Enciclopédia Negra

Lourença Correia era uma escravizada que morava na cidade do Rio de Janeiro e que trabalhava para o sargento-mor Antônio de Figueira e Almeida, de quem também era concubina. Devido a esta ligação, ela era diariamente castigada pela esposa de seu senhor, Isabel, que, ao mesmo tempo, insistia para que o marido promovesse o casamento da escravizada com algum negro da casa.

Em 1739, Lourença uniu-se ao negro Pedro Benguela, cativo do mesmo sargento. No entanto, e ao que tudo indica, continuou amante de seu senhor, e assim não se livrou das perseguições e castigos da esposa deste.

Não aguentando a pressão, Lourença fugiu para São João do Meriti (RJ), onde se casou com um escravizado chamado Amaro. Foi, porém, acusada de bigamia pelo Santo Ofício, e presa pela instituição em 1745.

Defendeu-se junto ao inquisidor com o argumento de que sua primeira união se dera unicamente pela vontade da esposa de seu senhor, mas não teve sucesso e foi condenada ao degredo em Angola, onde morreu.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Lourença Correia (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Justiça Racial

Lourença Correia era uma escravizada que morava na cidade do Rio de Janeiro e que trabalhava para o sargento-mor Antônio de Figueira e Almeida, de quem também era concubina. Devido a esta ligação, ela era diariamente castigada pela esposa de seu senhor, Isabel, que, ao mesmo tempo, insistia para que o marido promovesse o casamento da escravizada com algum negro da casa.

Em 1739, Lourença uniu-se ao negro Pedro Benguela, cativo do mesmo sargento. No entanto, e ao que tudo indica, continuou amante de seu senhor, e assim não se livrou das perseguições e castigos da esposa deste.

Não aguentando a pressão, Lourença fugiu para São João do Meriti (RJ), onde se casou com um escravizado chamado Amaro. Foi, porém, acusada de bigamia pelo Santo Ofício, e presa pela instituição em 1745.

Defendeu-se junto ao inquisidor com o argumento de que sua primeira união se dera unicamente pela vontade da esposa de seu senhor, mas não teve sucesso e foi condenada ao degredo em Angola, onde morreu.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Lourença Correia (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Museus e Coleções de arte

Lourença Correia era uma escravizada que morava na cidade do Rio de Janeiro e que trabalhava para o sargento-mor Antônio de Figueira e Almeida, de quem também era concubina. Devido a esta ligação, ela era diariamente castigada pela esposa de seu senhor, Isabel, que, ao mesmo tempo, insistia para que o marido promovesse o casamento da escravizada com algum negro da casa.

Em 1739, Lourença uniu-se ao negro Pedro Benguela, cativo do mesmo sargento. No entanto, e ao que tudo indica, continuou amante de seu senhor, e assim não se livrou das perseguições e castigos da esposa deste.

Não aguentando a pressão, Lourença fugiu para São João do Meriti (RJ), onde se casou com um escravizado chamado Amaro. Foi, porém, acusada de bigamia pelo Santo Ofício, e presa pela instituição em 1745.

Defendeu-se junto ao inquisidor com o argumento de que sua primeira união se dera unicamente pela vontade da esposa de seu senhor, mas não teve sucesso e foi condenada ao degredo em Angola, onde morreu.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Lourença Correia (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Pintura

Lourença Correia era uma escravizada que morava na cidade do Rio de Janeiro e que trabalhava para o sargento-mor Antônio de Figueira e Almeida, de quem também era concubina. Devido a esta ligação, ela era diariamente castigada pela esposa de seu senhor, Isabel, que, ao mesmo tempo, insistia para que o marido promovesse o casamento da escravizada com algum negro da casa.

Em 1739, Lourença uniu-se ao negro Pedro Benguela, cativo do mesmo sargento. No entanto, e ao que tudo indica, continuou amante de seu senhor, e assim não se livrou das perseguições e castigos da esposa deste.

Não aguentando a pressão, Lourença fugiu para São João do Meriti (RJ), onde se casou com um escravizado chamado Amaro. Foi, porém, acusada de bigamia pelo Santo Ofício, e presa pela instituição em 1745.

Defendeu-se junto ao inquisidor com o argumento de que sua primeira união se dera unicamente pela vontade da esposa de seu senhor, mas não teve sucesso e foi condenada ao degredo em Angola, onde morreu.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Felipa Maria Aranha (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Enciclopédia Negra

Felipa Maria Aranha, foi líder do quilombo de Mola ou Itapocu; localidade disposta nas cabeceiras do Igarapé Itapocu, um braço do Rio Tocantins, onde agora existe o município de Cametá, no estado do Pará. 

Ela organizou um quilombo na segunda metade do século XVIII, constituído por mais de 300 escravizados e escravizadas fugidos, que se auto sustentaram por muitos anos sem que fossem ameaçados pelas forças legais. Acredita-se que seja proveniente da região da Costa da Mina, no Golfo da Guiné, onde hoje estão localizados os países Gana, Togo, Benin e Nigéria. Deve ter nascido entre os anos de 1720 a 1730, tendo sido capturada em algum momento a partir de 1740, nessa que foi uma das regiões mais importantes para o tráfico de almas empreendido pelos portugueses. Vendida como escravizada, ela foi levada para a localidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará (atual capital do estado do Pará). Em seguida, foi enviada para trabalhar numa plantação de cana-de-açúcar na comunidade de Cametá.

Não suportando os maus tratos, Maria Aranha fugiu junto com outros escravizados no ano de 1750, e na região do baixo Tocantins criara o quilombo do Mola – mais exatamente nas cabeceiras do Igarapé Itapocu, no território de Cametá –, um espaço por ela liderado, que ostentava alto grau de organização política, social e militar, sendo um dos maiores modelos de resistência à escravidão que a historiografia já encontrou. Tanto que, quando começaram a sofrer com a repressão colonial, foi graças à liderança militar de Maria Aranha, que foram vitoriosos ao expulsar as forças portuguesas e as várias incursões de capitães do mato.

Dona de grande capacidade de articulação política, Maria Aranha estruturou uma entidade composta por cinco quilombos (Mola, Laguinho, Tomásia, Boa Esperança e Porto Alegre), a então chamada Confederação do Itapocu. A entidade empreendeu severas derrotas às forças escravagistas, e, diferentemente do exemplo de Palmares, somente cessou sua luta contra as autoridades escravagistas quando Portugal ofereceu perdão político e declarou quilombolas súditos da coroa. 

“Felipa Maria Aranha”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Maria Aranha morreu em 1780, ainda liderando a Confederação do Itapocu. No início do século XIX, além da liderança de Felipa, nas proximidades do rio Trombetas, perto de Óbidos, ainda na Amazônia, formou-se um quilombo, chefiado pelo cafuzo Atanásio, que chegou a contar com mais de 2000 habitantes que, além de plantar mandioca e tabaco, vendiam produtos colhidos nas florestas da Guiana Holandesa. Tudo leva a crer que estes quilombolas eram respeitados pela vizinhança, sendo suas crianças batizadas nas igrejas vizinhas. Além do mais, em pesquisas recentes feitas na região do Baixo Tocantins e que usam da história oral, há uma desmistificação da suposta subalternidade das mulheres negras.

Hoje se conhecem muitas outras histórias de como, no próprio quilombo do Mola, houve o protagonismo de outras mulheres negras que deixaram muitas histórias para a memória dos seus descendentes. A negra Maria Luiza Piriá ou Piriçá, registrou sua passagem neste quilombo, organizando e liderando a Dança do Bambaê do Rosário e na administração da própria vida dos quilombolas que ali viviam. Juvita foi mais uma dessas mulheres que fizeram a sua própria história e de seus povoados. Ao sair do quilombo do Mola ou Itapocu, ela fundou o Povoado de Tomázia e liderou o mesmo por muitos anos. As negras Leonor, Virgilina, Francisca, Maximina e outras que tomavam parte do quilombo do Paxibal se embrenharam nas matas e realizavam tarefas em geral consideradas masculinas como: caçar, trabalhar na construção das improvisadas barracas de moradia – os tapiris cobertos e emparedados com palhas, como ubim e sororoca. Também atuavam na plantação de roças, na coleta dos frutos do mato, na pesca, na fabricação de utensílios de barro, de redes de dormir e de roupas feitas com fibras de curuanã e palhas de palmeiras.

Como se pode notar, a resistência e o protagonismo da mulher negra são históricos e tem suas raízes fincadas na tradição e na cultura de suas ancestrais africanas através de artifícios, artimanhas, improvisações e muita astúcia. Elas reinventavam o seu cotidiano e a sua importância no mundo, conseguindo assim, melhores condições para si e para os seus. Casos como o do povoado de Tomásia, que se uniu à já mencionada Confederação do Itapocu e o exemplo do Quilombo de Pixabal, no município de Baião, formado pela liderança das negras Leonor, Virgilina, Francisca e Maximiana descrevem histórias de líderes negras, que não foram apenas esposas ou companheiras. Protagonizaram e lutaram por suas próprias sinas e destinos nesse território da liberdade precária e precarizada. Já o quilombo de Maria Aranha só recebeu reconhecimento legal das suas terras recentemente, em 2013.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Felipa Maria Aranha (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Justiça Racial

Felipa Maria Aranha, foi líder do quilombo de Mola ou Itapocu; localidade disposta nas cabeceiras do Igarapé Itapocu, um braço do Rio Tocantins, onde agora existe o município de Cametá, no estado do Pará. 

Ela organizou um quilombo na segunda metade do século XVIII, constituído por mais de 300 escravizados e escravizadas fugidos, que se auto sustentaram por muitos anos sem que fossem ameaçados pelas forças legais. Acredita-se que seja proveniente da região da Costa da Mina, no Golfo da Guiné, onde hoje estão localizados os países Gana, Togo, Benin e Nigéria. Deve ter nascido entre os anos de 1720 a 1730, tendo sido capturada em algum momento a partir de 1740, nessa que foi uma das regiões mais importantes para o tráfico de almas empreendido pelos portugueses. Vendida como escravizada, ela foi levada para a localidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará (atual capital do estado do Pará). Em seguida, foi enviada para trabalhar numa plantação de cana-de-açúcar na comunidade de Cametá.

Não suportando os maus tratos, Maria Aranha fugiu junto com outros escravizados no ano de 1750, e na região do baixo Tocantins criara o quilombo do Mola – mais exatamente nas cabeceiras do Igarapé Itapocu, no território de Cametá –, um espaço por ela liderado, que ostentava alto grau de organização política, social e militar, sendo um dos maiores modelos de resistência à escravidão que a historiografia já encontrou. Tanto que, quando começaram a sofrer com a repressão colonial, foi graças à liderança militar de Maria Aranha, que foram vitoriosos ao expulsar as forças portuguesas e as várias incursões de capitães do mato.

Dona de grande capacidade de articulação política, Maria Aranha estruturou uma entidade composta por cinco quilombos (Mola, Laguinho, Tomásia, Boa Esperança e Porto Alegre), a então chamada Confederação do Itapocu. A entidade empreendeu severas derrotas às forças escravagistas, e, diferentemente do exemplo de Palmares, somente cessou sua luta contra as autoridades escravagistas quando Portugal ofereceu perdão político e declarou quilombolas súditos da coroa. 

“Felipa Maria Aranha”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Maria Aranha morreu em 1780, ainda liderando a Confederação do Itapocu. No início do século XIX, além da liderança de Felipa, nas proximidades do rio Trombetas, perto de Óbidos, ainda na Amazônia, formou-se um quilombo, chefiado pelo cafuzo Atanásio, que chegou a contar com mais de 2000 habitantes que, além de plantar mandioca e tabaco, vendiam produtos colhidos nas florestas da Guiana Holandesa. Tudo leva a crer que estes quilombolas eram respeitados pela vizinhança, sendo suas crianças batizadas nas igrejas vizinhas. Além do mais, em pesquisas recentes feitas na região do Baixo Tocantins e que usam da história oral, há uma desmistificação da suposta subalternidade das mulheres negras.

Hoje se conhecem muitas outras histórias de como, no próprio quilombo do Mola, houve o protagonismo de outras mulheres negras que deixaram muitas histórias para a memória dos seus descendentes. A negra Maria Luiza Piriá ou Piriçá, registrou sua passagem neste quilombo, organizando e liderando a Dança do Bambaê do Rosário e na administração da própria vida dos quilombolas que ali viviam. Juvita foi mais uma dessas mulheres que fizeram a sua própria história e de seus povoados. Ao sair do quilombo do Mola ou Itapocu, ela fundou o Povoado de Tomázia e liderou o mesmo por muitos anos. As negras Leonor, Virgilina, Francisca, Maximina e outras que tomavam parte do quilombo do Paxibal se embrenharam nas matas e realizavam tarefas em geral consideradas masculinas como: caçar, trabalhar na construção das improvisadas barracas de moradia – os tapiris cobertos e emparedados com palhas, como ubim e sororoca. Também atuavam na plantação de roças, na coleta dos frutos do mato, na pesca, na fabricação de utensílios de barro, de redes de dormir e de roupas feitas com fibras de curuanã e palhas de palmeiras.

Como se pode notar, a resistência e o protagonismo da mulher negra são históricos e tem suas raízes fincadas na tradição e na cultura de suas ancestrais africanas através de artifícios, artimanhas, improvisações e muita astúcia. Elas reinventavam o seu cotidiano e a sua importância no mundo, conseguindo assim, melhores condições para si e para os seus. Casos como o do povoado de Tomásia, que se uniu à já mencionada Confederação do Itapocu e o exemplo do Quilombo de Pixabal, no município de Baião, formado pela liderança das negras Leonor, Virgilina, Francisca e Maximiana descrevem histórias de líderes negras, que não foram apenas esposas ou companheiras. Protagonizaram e lutaram por suas próprias sinas e destinos nesse território da liberdade precária e precarizada. Já o quilombo de Maria Aranha só recebeu reconhecimento legal das suas terras recentemente, em 2013.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Felipa Maria Aranha (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Museus e Coleções de arte

Felipa Maria Aranha, foi líder do quilombo de Mola ou Itapocu; localidade disposta nas cabeceiras do Igarapé Itapocu, um braço do Rio Tocantins, onde agora existe o município de Cametá, no estado do Pará. 

Ela organizou um quilombo na segunda metade do século XVIII, constituído por mais de 300 escravizados e escravizadas fugidos, que se auto sustentaram por muitos anos sem que fossem ameaçados pelas forças legais. Acredita-se que seja proveniente da região da Costa da Mina, no Golfo da Guiné, onde hoje estão localizados os países Gana, Togo, Benin e Nigéria. Deve ter nascido entre os anos de 1720 a 1730, tendo sido capturada em algum momento a partir de 1740, nessa que foi uma das regiões mais importantes para o tráfico de almas empreendido pelos portugueses. Vendida como escravizada, ela foi levada para a localidade de Santa Maria de Belém do Grão Pará (atual capital do estado do Pará). Em seguida, foi enviada para trabalhar numa plantação de cana-de-açúcar na comunidade de Cametá.

Não suportando os maus tratos, Maria Aranha fugiu junto com outros escravizados no ano de 1750, e na região do baixo Tocantins criara o quilombo do Mola – mais exatamente nas cabeceiras do Igarapé Itapocu, no território de Cametá –, um espaço por ela liderado, que ostentava alto grau de organização política, social e militar, sendo um dos maiores modelos de resistência à escravidão que a historiografia já encontrou. Tanto que, quando começaram a sofrer com a repressão colonial, foi graças à liderança militar de Maria Aranha, que foram vitoriosos ao expulsar as forças portuguesas e as várias incursões de capitães do mato.

Dona de grande capacidade de articulação política, Maria Aranha estruturou uma entidade composta por cinco quilombos (Mola, Laguinho, Tomásia, Boa Esperança e Porto Alegre), a então chamada Confederação do Itapocu. A entidade empreendeu severas derrotas às forças escravagistas, e, diferentemente do exemplo de Palmares, somente cessou sua luta contra as autoridades escravagistas quando Portugal ofereceu perdão político e declarou quilombolas súditos da coroa. 

“Felipa Maria Aranha”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Maria Aranha morreu em 1780, ainda liderando a Confederação do Itapocu. No início do século XIX, além da liderança de Felipa, nas proximidades do rio Trombetas, perto de Óbidos, ainda na Amazônia, formou-se um quilombo, chefiado pelo cafuzo Atanásio, que chegou a contar com mais de 2000 habitantes que, além de plantar mandioca e tabaco, vendiam produtos colhidos nas florestas da Guiana Holandesa. Tudo leva a crer que estes quilombolas eram respeitados pela vizinhança, sendo suas crianças batizadas nas igrejas vizinhas. Além do mais, em pesquisas recentes feitas na região do Baixo Tocantins e que usam da história oral, há uma desmistificação da suposta subalternidade das mulheres negras.

Hoje se conhecem muitas outras histórias de como, no próprio quilombo do Mola, houve o protagonismo de outras mulheres negras que deixaram muitas histórias para a memória dos seus descendentes. A negra Maria Luiza Piriá ou Piriçá, registrou sua passagem neste quilombo, organizando e liderando a Dança do Bambaê do Rosário e na administração da própria vida dos quilombolas que ali viviam. Juvita foi mais uma dessas mulheres que fizeram a sua própria história e de seus povoados. Ao sair do quilombo do Mola ou Itapocu, ela fundou o Povoado de Tomázia e liderou o mesmo por muitos anos. As negras Leonor, Virgilina, Francisca, Maximina e outras que tomavam parte do quilombo do Paxibal se embrenharam nas matas e realizavam tarefas em geral consideradas masculinas como: caçar, trabalhar na construção das improvisadas barracas de moradia – os tapiris cobertos e emparedados com palhas, como ubim e sororoca. Também atuavam na plantação de roças, na coleta dos frutos do mato, na pesca, na fabricação de utensílios de barro, de redes de dormir e de roupas feitas com fibras de curuanã e palhas de palmeiras.

Como se pode notar, a resistência e o protagonismo da mulher negra são históricos e tem suas raízes fincadas na tradição e na cultura de suas ancestrais africanas através de artifícios, artimanhas, improvisações e muita astúcia. Elas reinventavam o seu cotidiano e a sua importância no mundo, conseguindo assim, melhores condições para si e para os seus. Casos como o do povoado de Tomásia, que se uniu à já mencionada Confederação do Itapocu e o exemplo do Quilombo de Pixabal, no município de Baião, formado pela liderança das negras Leonor, Virgilina, Francisca e Maximiana descrevem histórias de líderes negras, que não foram apenas esposas ou companheiras. Protagonizaram e lutaram por suas próprias sinas e destinos nesse território da liberdade precária e precarizada. Já o quilombo de Maria Aranha só recebeu reconhecimento legal das suas terras recentemente, em 2013.

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Ana, Deolinda e Isabel, capoeiristas (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Enciclopédia Negra

Até praticamente a década de 1850 havia uma “capoeira escrava” com o perfil de africanos – destacadamente os africanos centro-ocidentais – e a população negra livre. No último quartel Oitocentista ele se prolifera com força e rapidez para vários centros urbanos, mobilizando a prática de pessoas livres, considerados brancos e mesmo letrados.  

Mulheres capoeiristas no século XIX? Quase cena surrealista, a edição do Jornal do Comércio de 26 de janeiro de 1878 noticiava que algumas “pretas” tinham sido presas por capoeiras. Na rua do Riachuelo acabaram capturadas três mulheres sob acusação de “peritas na capoeiragem”. Com o adjetivo de “destemidas” foram detidas as mulheres negras livres Isabel Maria da Conceição – conhecida vulgarmente como Nenê – Ana Clara Maria Andrade, juntamente com a escravizada Deolinda, pertencente ao Doutor Bandeira de Gouveia. Na ocasião da abordagem policial estavam todas em “renhida luta”, desafiando pedestres e depois as próprias autoridades. Identificada como prática – luta, ritual e dança – associada às grandes cidades atlânticas e à população negra, entre livres, africanos, escravizados e nascidos no Brasil – a capoeira e os “capoeiras” se proliferaram entre o final do século XVIII e ao longo do século XIX, especialmente no Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Não se sabe com estas práticas se desenvolveram, repercutiram e alcançaram várias regiões brasileiras, junto aos setores livres e não-negros, como imigrantes no Rio de Janeiro, por exemplo.

No Rio de Janeiro, a cidade estava cheia de escravizados ao ganho, participantes do mercado de rua e também de capoeiras. Fica difícil imaginar cenários onde mulheres quitandeiras podiam ser também capoeiristas. O certo é que a cidade vai armar diariamente vários cenários onde música, alimentação, trabalho e cultura vão juntar experiências, produzindo outras. Na época em que as “peritas” e “destemidas” mulheres capoeiristas foram presas, o Rio de Janeiro já era dividido – territórios com cores de insígnias e distinção – em dois grandes grupos (subdivididos em maltas) de capoeira, alardeados em versos, suspeitos de usos políticos no jogo eleitoral e celebrizados em alguns romances: Nagoas e Guaiamuns. Não muito mais sabemos sobre as mulheres noticiadas em 1878. Fariam parte de algumas das conhecidas maltas: Três Cachos, Cadeira de Senhora, Espada, ou a principal, Flor da Gente? Indagações a espera de mais pesquisas. 

Mulheres negras na capoeira no século XIX sugerem pensar experiências envolvendo cultura e gênero bem mais antigas do que o estágio atual, no qual os capoeiristas e as práticas da capoeira alcançam mais de 200 países, entre homens, jovens, mulheres e crianças. Para a Bahia e a cidade de Salvador – locais onde a capoeira e vários mestres ganharam distinção e prestígio ao longo do século XX – aqui ou acolá há mais evidências de mulheres participando da capoeira como ritmistas, praticantes, aprendizes e desafiantes de lutas e combates. 

“Ana, Deolinda e Isabel, capoeiristas”, acrílica sobre tela, 50 x 70 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Ana, Deolinda e Isabel, capoeiristas (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Justiça Racial

Até praticamente a década de 1850 havia uma “capoeira escrava” com o perfil de africanos – destacadamente os africanos centro-ocidentais – e a população negra livre. No último quartel Oitocentista ele se prolifera com força e rapidez para vários centros urbanos, mobilizando a prática de pessoas livres, considerados brancos e mesmo letrados.  

Mulheres capoeiristas no século XIX? Quase cena surrealista, a edição do Jornal do Comércio de 26 de janeiro de 1878 noticiava que algumas “pretas” tinham sido presas por capoeiras. Na rua do Riachuelo acabaram capturadas três mulheres sob acusação de “peritas na capoeiragem”. Com o adjetivo de “destemidas” foram detidas as mulheres negras livres Isabel Maria da Conceição – conhecida vulgarmente como Nenê – Ana Clara Maria Andrade, juntamente com a escravizada Deolinda, pertencente ao Doutor Bandeira de Gouveia. Na ocasião da abordagem policial estavam todas em “renhida luta”, desafiando pedestres e depois as próprias autoridades. Identificada como prática – luta, ritual e dança – associada às grandes cidades atlânticas e à população negra, entre livres, africanos, escravizados e nascidos no Brasil – a capoeira e os “capoeiras” se proliferaram entre o final do século XVIII e ao longo do século XIX, especialmente no Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Não se sabe com estas práticas se desenvolveram, repercutiram e alcançaram várias regiões brasileiras, junto aos setores livres e não-negros, como imigrantes no Rio de Janeiro, por exemplo.

No Rio de Janeiro, a cidade estava cheia de escravizados ao ganho, participantes do mercado de rua e também de capoeiras. Fica difícil imaginar cenários onde mulheres quitandeiras podiam ser também capoeiristas. O certo é que a cidade vai armar diariamente vários cenários onde música, alimentação, trabalho e cultura vão juntar experiências, produzindo outras. Na época em que as “peritas” e “destemidas” mulheres capoeiristas foram presas, o Rio de Janeiro já era dividido – territórios com cores de insígnias e distinção – em dois grandes grupos (subdivididos em maltas) de capoeira, alardeados em versos, suspeitos de usos políticos no jogo eleitoral e celebrizados em alguns romances: Nagoas e Guaiamuns. Não muito mais sabemos sobre as mulheres noticiadas em 1878. Fariam parte de algumas das conhecidas maltas: Três Cachos, Cadeira de Senhora, Espada, ou a principal, Flor da Gente? Indagações a espera de mais pesquisas. 

Mulheres negras na capoeira no século XIX sugerem pensar experiências envolvendo cultura e gênero bem mais antigas do que o estágio atual, no qual os capoeiristas e as práticas da capoeira alcançam mais de 200 países, entre homens, jovens, mulheres e crianças. Para a Bahia e a cidade de Salvador – locais onde a capoeira e vários mestres ganharam distinção e prestígio ao longo do século XX – aqui ou acolá há mais evidências de mulheres participando da capoeira como ritmistas, praticantes, aprendizes e desafiantes de lutas e combates. 

“Ana, Deolinda e Isabel, capoeiristas”, acrílica sobre tela, 50 x 70 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Ana, Deolinda e Isabel, capoeiristas (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Museus e Coleções de arte

Até praticamente a década de 1850 havia uma “capoeira escrava” com o perfil de africanos – destacadamente os africanos centro-ocidentais – e a população negra livre. No último quartel Oitocentista ele se prolifera com força e rapidez para vários centros urbanos, mobilizando a prática de pessoas livres, considerados brancos e mesmo letrados.  

Mulheres capoeiristas no século XIX? Quase cena surrealista, a edição do Jornal do Comércio de 26 de janeiro de 1878 noticiava que algumas “pretas” tinham sido presas por capoeiras. Na rua do Riachuelo acabaram capturadas três mulheres sob acusação de “peritas na capoeiragem”. Com o adjetivo de “destemidas” foram detidas as mulheres negras livres Isabel Maria da Conceição – conhecida vulgarmente como Nenê – Ana Clara Maria Andrade, juntamente com a escravizada Deolinda, pertencente ao Doutor Bandeira de Gouveia. Na ocasião da abordagem policial estavam todas em “renhida luta”, desafiando pedestres e depois as próprias autoridades. Identificada como prática – luta, ritual e dança – associada às grandes cidades atlânticas e à população negra, entre livres, africanos, escravizados e nascidos no Brasil – a capoeira e os “capoeiras” se proliferaram entre o final do século XVIII e ao longo do século XIX, especialmente no Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Não se sabe com estas práticas se desenvolveram, repercutiram e alcançaram várias regiões brasileiras, junto aos setores livres e não-negros, como imigrantes no Rio de Janeiro, por exemplo.

No Rio de Janeiro, a cidade estava cheia de escravizados ao ganho, participantes do mercado de rua e também de capoeiras. Fica difícil imaginar cenários onde mulheres quitandeiras podiam ser também capoeiristas. O certo é que a cidade vai armar diariamente vários cenários onde música, alimentação, trabalho e cultura vão juntar experiências, produzindo outras. Na época em que as “peritas” e “destemidas” mulheres capoeiristas foram presas, o Rio de Janeiro já era dividido – territórios com cores de insígnias e distinção – em dois grandes grupos (subdivididos em maltas) de capoeira, alardeados em versos, suspeitos de usos políticos no jogo eleitoral e celebrizados em alguns romances: Nagoas e Guaiamuns. Não muito mais sabemos sobre as mulheres noticiadas em 1878. Fariam parte de algumas das conhecidas maltas: Três Cachos, Cadeira de Senhora, Espada, ou a principal, Flor da Gente? Indagações a espera de mais pesquisas. 

Mulheres negras na capoeira no século XIX sugerem pensar experiências envolvendo cultura e gênero bem mais antigas do que o estágio atual, no qual os capoeiristas e as práticas da capoeira alcançam mais de 200 países, entre homens, jovens, mulheres e crianças. Para a Bahia e a cidade de Salvador – locais onde a capoeira e vários mestres ganharam distinção e prestígio ao longo do século XX – aqui ou acolá há mais evidências de mulheres participando da capoeira como ritmistas, praticantes, aprendizes e desafiantes de lutas e combates. 

“Ana, Deolinda e Isabel, capoeiristas”, acrílica sobre tela, 50 x 70 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Mathias Henrique da Silva e Faustino da Silva Paiva (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Enciclopédia Negra

Um clube de leitura organizado por e para escravizados? Em plena década da Abolição? Estas seriam as notícias vindas do interior de São Paulo. Os escravizados Mathias Henrique da Silva e Faustino da Silva assinariam uma carta – publicada em vários periódicos de Minas Gerais – na qual solicitavam contribuições, especialmente envio de exemplares para o clube de leitura que tinham.

Em 1882, tal notícia — quase transformada em pilhéria, posto que considerada provavelmente surrealista e ao mesmo tempo verossímil e ameaçadora – era publicada nos periódicos mineiros “O Baependyano” e “O Colombo” que mencionavam a existência de um clube de leitura criado por abolicionistas em Bragança Paulista, não muito distante de Itu. Os signatários da carta — Mathias Henrique da Silva e Faustino da Silva – não eram apenas escravizados letrados, mas respectivamente presidente e secretário desta iniciativa abolicionista. Bem antes já tinham surgido notícias de associações abolicionistas que estavam estabelecendo cursos noturnos de alfabetização para escravizados libertos e seus descendentes. Desde a década de 1870 em várias partes do Brasil foi comum notícias semelhantes, embora não conseguimos ainda medir o alcance destas várias iniciativas e o número de negros e negras envolvidos.

“Mathias Henrique da Silva e Faustino da Silva Paiva”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Em Bragança Paulista a coisa tinha começado através de abolicionistas — ligados ao jornal “O Guaripocaba”  — que tinham estabelecido escolas noturnas para pobres livres. Não muito esporadicamente, muitos libertos e filhos destes – além dos próprios escravizados – sempre procuravam por tais espaços e oportunidades. Alguns setores abolicionistas podiam mesmo estar interessados em fomentar leitura e alfabetização para escravizados.  Na organização do Clube Literário de escravos em Bragança havia turmas noturnas que contavam com o apoio de abolicionistas locais e professores voluntários. Daquele jornal – com sua face  positivista e participação maçônica local — setores brancos ajudariam na propaganda e na ampliação da iniciativa. O Clube de Bragança, fundado entre 1881 e 1882, funcionaria numa casa modesta no centro da cidade, chegando a ter cerca de 40 crianças. A novidade ficaria por conta da direção deste clube, contando com escravizados à frente.

Quais as expectativas destes escravizados com tal Clube de Leitura? O que isso significava diante num contexto onde se acusavam abolicionistas e monarquistas de manipularem os escravizados nas campanhas abolicionista e republicana? Ensinar os escravizados a ler para que eles participassem dos debates era um dos recados republicanos ao noticiar tais iniciativas. Só que escravizados não precisavam exatamente de letramento para fazer avaliações políticas da atmosfera em que viviam. A carta do Clube de Leitura, enviada para as redações dos jornais e a assinatura de signatários escravos — portanto já alfabetizados suficientemente — sugerem pensar mediações e símbolos nos enfrentamentos e mobilização negra. A carta publicada nos jornais falava – num tom autoral dos próprios escravizados – que eles eram “aviltados por sua abjeta condição” estando “eliminados do seio da humanidade e equiparados aos mais ínfimos animais”, portanto eram a “mancha negra do nome brasileiro”. Embora “sem pátria e sem liberdade” considerados “párias errantes” e “renegados de uma civilização” avaliavam que o letramento era a única solução, qual seja “que a instrução é o único meio possível” sendo isso “o motivo da fundação do Clube Literário dos Escravos em Bragança”. Os escravizados estavam dispostos a investir em “inauditos esforços empregados nas horas de descanso” no presente para fugir das “misérias de uma vida” no futuro. Atualizando o debate que falava de manipulação política e desinteresse dos fazendeiros pelo destino dos ex-escravos garantiam:  a “instrução é um preventivo necessário para os males sociais, que podem resultar da emancipação”. Afirmavam mesmo que era a “educação” que tinha que preparar a “liberdade”.

“Mathias Henrique da Silva e Faustino da Silva Paiva 01”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Edouard Fraipont

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

Mathias Henrique da Silva e Faustino da Silva Paiva (Enciclopédia Negra) 01/05/2021 - Museus e Coleções de arte

Um clube de leitura organizado por e para escravizados? Em plena década da Abolição? Estas seriam as notícias vindas do interior de São Paulo. Os escravizados Mathias Henrique da Silva e Faustino da Silva assinariam uma carta – publicada em vários periódicos de Minas Gerais – na qual solicitavam contribuições, especialmente envio de exemplares para o clube de leitura que tinham.

Em 1882, tal notícia — quase transformada em pilhéria, posto que considerada provavelmente surrealista e ao mesmo tempo verossímil e ameaçadora – era publicada nos periódicos mineiros “O Baependyano” e “O Colombo” que mencionavam a existência de um clube de leitura criado por abolicionistas em Bragança Paulista, não muito distante de Itu. Os signatários da carta — Mathias Henrique da Silva e Faustino da Silva – não eram apenas escravizados letrados, mas respectivamente presidente e secretário desta iniciativa abolicionista. Bem antes já tinham surgido notícias de associações abolicionistas que estavam estabelecendo cursos noturnos de alfabetização para escravizados libertos e seus descendentes. Desde a década de 1870 em várias partes do Brasil foi comum notícias semelhantes, embora não conseguimos ainda medir o alcance destas várias iniciativas e o número de negros e negras envolvidos.

“Mathias Henrique da Silva e Faustino da Silva Paiva”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Acervo Panmela Castro

Em Bragança Paulista a coisa tinha começado através de abolicionistas — ligados ao jornal “O Guaripocaba”  — que tinham estabelecido escolas noturnas para pobres livres. Não muito esporadicamente, muitos libertos e filhos destes – além dos próprios escravizados – sempre procuravam por tais espaços e oportunidades. Alguns setores abolicionistas podiam mesmo estar interessados em fomentar leitura e alfabetização para escravizados.  Na organização do Clube Literário de escravos em Bragança havia turmas noturnas que contavam com o apoio de abolicionistas locais e professores voluntários. Daquele jornal – com sua face  positivista e participação maçônica local — setores brancos ajudariam na propaganda e na ampliação da iniciativa. O Clube de Bragança, fundado entre 1881 e 1882, funcionaria numa casa modesta no centro da cidade, chegando a ter cerca de 40 crianças. A novidade ficaria por conta da direção deste clube, contando com escravizados à frente.

Quais as expectativas destes escravizados com tal Clube de Leitura? O que isso significava diante num contexto onde se acusavam abolicionistas e monarquistas de manipularem os escravizados nas campanhas abolicionista e republicana? Ensinar os escravizados a ler para que eles participassem dos debates era um dos recados republicanos ao noticiar tais iniciativas. Só que escravizados não precisavam exatamente de letramento para fazer avaliações políticas da atmosfera em que viviam. A carta do Clube de Leitura, enviada para as redações dos jornais e a assinatura de signatários escravos — portanto já alfabetizados suficientemente — sugerem pensar mediações e símbolos nos enfrentamentos e mobilização negra. A carta publicada nos jornais falava – num tom autoral dos próprios escravizados – que eles eram “aviltados por sua abjeta condição” estando “eliminados do seio da humanidade e equiparados aos mais ínfimos animais”, portanto eram a “mancha negra do nome brasileiro”. Embora “sem pátria e sem liberdade” considerados “párias errantes” e “renegados de uma civilização” avaliavam que o letramento era a única solução, qual seja “que a instrução é o único meio possível” sendo isso “o motivo da fundação do Clube Literário dos Escravos em Bragança”. Os escravizados estavam dispostos a investir em “inauditos esforços empregados nas horas de descanso” no presente para fugir das “misérias de uma vida” no futuro. Atualizando o debate que falava de manipulação política e desinteresse dos fazendeiros pelo destino dos ex-escravos garantiam:  a “instrução é um preventivo necessário para os males sociais, que podem resultar da emancipação”. Afirmavam mesmo que era a “educação” que tinha que preparar a “liberdade”.

“Mathias Henrique da Silva e Faustino da Silva Paiva 01”, acrílica sobre tela, 70 x 50 cm, 2020. Ph: Edouard Fraipont

Panmela Castro participa do projeto Enciclopédia Negra de Lilia M. Schwarcz, Jaime Lauriano e Flávio Gomes que engloba o livro disponível no site da editora Companhia das Letras e que pôde ser conferido na exposição homônima que aconteceu na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio.

Além das cinco personagens da exposição, a artista pintou outras 17 obras que podem ser vistas e adquiridas na Galeria Luisa Strina, em São Paulo.

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