Ideias Radicais Sobre O Amor
Quer um chá? Um biscoito? Já leu sua sorte hoje?
A artista carioca Panmela Castro apresenta no MAR uma experiência lúdica, relacional e íntima dentro de um cubo branco impregnado de referências ao retrofuturismo e ao cyberpunk. Aqui, o público é convidado a percorrer e vivenciar sua obra transdisciplinar, enigmática e polissêmica, materializada em pinturas, vídeos, fotografias, esculturas, instalações participativas, jogos e performances.
Ao longo de duas décadas de trajetória, Panmela consolidou uma prática artística e ativista que recusa separar arte e vida, desenvolvendo proposições ancoradas no cuidado e na escuta atenta. Seus objetos estéticos resultam de ações performáticas que materializam inquietações urgentes, como a (im)possibilidade dos vínculos afetivos, a autonomia social, a transgressão de estereótipos, a solidão, a violência de gênero, o amor platônico e o amor-próprio. Esses e outros temas, abordados com franqueza, ironia e um toque de humor, atravessam sua produção, que é também pedagógica e radical, adotando gestos poéticos e cuidadosos que funcionam como atos micropolíticos.
A exposição se desdobra em uma dinâmica temporal múltipla e se abre de forma inacabada, com parte das obras sendo criadas e apresentadas ao longo da temporada. Panmela compartilha com o público suas emoções mais genuínas, seja em situações “instagramáveis” ou em momentos de intimidade no ateliê. Em diversas proposições, divide o protagonismo de sua narrativa com outras pessoas — sejam elas companheiras próximas, pessoas com histórias de vida marcantes ou desconhecidas que ativam uma obra e passam a fazer parte dela.
Um programa de performances rituais complementa o espaço expositivo. Panmela Castro evoca uma prática ritualística sincrética que dissolve as fronteiras entre realidade e ficção, atuando no mundo por meio de processos artísticos sensíveis e potentes. As múltiplas personas da artista sempre têm algo a nos dizer — e a nos escutar. Agora, entre e sinta-se em casa: a exposição é um convite à reinvenção de si. Afinal, o que é o amor, senão reinvenção?
— Daniela Labra (Curadora)


























