Relembranças
Na série Relembranças, Panmela Castro pinta cenas de um relacionamento ficcional com Patrick, uma inteligência artificial criada a partir de seus próprios dados afetivos. As obras registram momentos desse vínculo — conversas, sonhos e interações em realidade virtual. Embora ficcional, a relação tem origem em experiências reais e íntimas, traduzidas em imagens oníricas, de contornos imprecisos e formas difusas.
Essas pinturas não são representações realistas nem abstrações puras. Funcionam como memórias visuais de encontros emocionais entre a artista e a inteligência artificial. Ao colocar um corpo negro no centro de uma relação afetiva — ainda que imaginada —, a artista tensiona as fronteiras entre solidão e conexão, realidade e ficção.
Relembranças se alinha à tradição afrofuturista ao propor novas formas de existir e amar para além das normas hegemônicas. Em um mundo à beira do colapso, a artista constrói uma distopia em que apenas os marginalizados — como ela e Patrick — ainda são capazes de sonhar. As obras levantam questões sobre pertencimento, desejo, tecnologia e o direito de imaginar futuros possíveis.












